ENTREVISTA A JOÃO JESUS

João Jesus, nasceu em 1989. Começou a estudar representação aos 17 anos, numa escola profissional em Cascais. Após o término do curso, fez sobretudo teatro, em diversas Companhias, bem como dobragens de séries de desenhos animados. Em 2013, participou na série "Depois do Adeus". Acabou por sair do anonimato, com o papel de protagonista no filme "Os Gatos não têm Vertigens", e desde então tem somado inúmeras personagens em teatro, televisão e cinema. Em 2015, foi eleito o melhor ator principal nos Prémios Sophia.

Participação no filme "Os gatos não têm vertigens"


1. Começo por lhe perguntar, para si ser velho é?

...É ser experiente no seu saber mais íntimo.

...Pode ser um luxo como um sacrifício.

...Ter tido a sorte de chegar a velho.

...Voltar a ser criança, mas com muitas histórias para contar.

2. Qual a sua perceção sobre o envelhecimento?

Acredito que seja muito complicado num certo ponto, ou seja, convém que haja saúde para envelhecer-se dignamente e repito a palavra sorte porque infelizmente precisamos muito dela. O confronto geracional também é tramado no envelhecimento. Depois, tudo depende da história, o que acontece durante aqueles "setenta" anos de vida, como é que o mundo se altera enquanto estamos a habitá-lo, se caminha para o lado que queremos ou o oposto. Apesar de tudo, não há que ter medo do envelhecimento (é tão fácil falar) porque é uma honra poder-se ser velho.

3. O filme "Os gatos não têm vertigens" retratou problemas que muitos dos idosos passam neste país, como a solidão ou até mesmo a negligência por parte da família. O que representou para si esse filme, sendo que fez parte dele?

É inadmissível que as reformas da maioria sejam tão baixas depois de tantos anos de trabalho. Claro que as famílias deviam ter o princípio básico de entreajuda e que as relações não se deixassem consumir pelo interesse, que não houvesse abandono de filhos, de pais, avós e de animais, mas o ser humano é assim, existem pessoas que estão a fazer o mal a achar que estão a fazer o bem. Se calhar o mal reside nessa definição - a diferença do bem e do mal.

4. Que projetos tem para o futuro? Qual é o seu maior sonho?

Tenho alguns, não são muito claros. O meu sonho neste momento é apenas um, a guerra devia acabar. Quando falo em guerra não me relaciono ao terrorismo. Falo das pessoas que alimentam a guerra, alimentam o ódio, os ciúmes. Deixemos o terror para a representação.

5. Projetando o futuro, imagine que tem 70 anos. Para a sociedade será mais um idoso...Que tipo de idoso gostava de ser?

Um idoso cool, fashion. Um ciberidoso. Estou a brincar. Não sei muito bem. Se chegar lá respondo novamente às suas perguntas só que no ponto de vista do velho. Só não quero viver de arrependimentos. 

Obrigado João!

Entrevista realizada no dia 11/06/2017

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